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A Praia

«I try to be as progressive as I can possibly be, as long as I don't have to try too hard.» (Lou Reed)

teguivel@gmail.com

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sábado, outubro 29, 2005

Este ano

(imagem roubada ao Sancho Pança da Trafaria)


Enquanto o talento de um extraordinário jogador de futebol dura, dá a ilusão de que vai durar para sempre. (As mulheres muito bonitas criam a mesma impressão.) Mas o apogeu são três, quatro anos. E um jogador verdadeiramente extraordinário - um Pelé, um Maradona - só aparece geralmente de duas em duas décadas. Portanto, é agora, e especialmente este ano que é ano de Mundial, que é preciso estar atento.
 

sexta-feira, outubro 28, 2005

Solitária
A autocomiseração é a tarefa mais solitária que existe.
 
Procura-se
Acontecimento extraordinário, se possível com carácter de epifania, que dentro de anos possa vir a ser relatado à rubrica «momentos decisivos» da revista Pública. Assunto sério.
 

terça-feira, outubro 25, 2005

A caixa
Encontro críticas violentas aos blogs que (como o meu) não têm caixa de comentários em blogs que têm caixa de comentários. Geralmente só não têm comentários.
 
São boas notícias para a candidatura de Alegre
It's good news for traditional (...) men. The metrosexual is dead: long live the übersexual. After dominating US style and fashion for several years, the ideal of the modern male as someone who cared about fashion and skin care as much as a woman did is about to be swept aside by a return to old-fashioned, masculine values: fine wines, cigars and red-blooded heterosexuality... [Continuar a ler aqui.]
 

segunda-feira, outubro 24, 2005

+2

Moreno na esquerda, Domenico na direita, Kassin ao meio (e depois o contrário)


[Moreno +2, «Deusa do Amor», em Máquina de Escrever Música, 2001. Se isto aqui tocar será graças a ela.]

Estes rapazes são a coisa que mais me entusiasma na música brasileira dos últimos anos. (Além deles, havia o Chico Science, tragicamente morto num acidente de automóvel em 1997, com apenas dois discos publicados.) Moreno Veloso, Domenico Lancelloti e Alexandre Kassin tomaram uma decisão que, tanto quanto conheço, é inédita: a banda muda de nome de disco para disco. O primeiro disco, pensado e cantado por Moreno, numa espécie de nova bossa-nova, tem autoria de Moreno+2; o segundo, mais electrónico, é de Domenico+2; e o terceiro, no próximo ano, será de Kassin+2. Imagino que isto não ajude muito ao trabalho de promoção, nem facilita a arrumação dos discos nas prateleiras das lojas. Para o quarto cd está previsto um verdadeiro trabalho de banda, nessa altura com o simples nome de +2.
O concerto no Forum Lisboa, na passada sexta-feira, foi uma misturada destas coisas todas, talvez com uma certa predominância do Domenico do último disco. Mas, como a distribuição é fraca (em Portugal é quase impossível encontrar o segundo cd, no Brasil não se acha o primeiro) e como os concertos por aqui ainda são raros, juntaram-se coisas dos discos passados e dos futuros. O resultado foi uma banda de cariocas tocando com muito gosto, público relativamente escasso mas entusiasta, uma grande curtição. A acompanhar os três da banda, estavam, naturalmente, +2: Stephane San Juan e Pedro Sá, o extraordinário guitarrista que nos últimos anos tem tocado com Caetano Veloso.
 
Cavacologia
A crónica de Ana Sá Lopes no Público de ontem é brilhante. Quantas vezes é que eu já tinha usado o adjectivo «brilhante» neste blog? Pois não: nenhuma.

Ninguém da família vai fazer campanha
Ana Sá Lopes
Público, 23 de Outubro de 2005

Ontem, a primeira página do Expresso era dominada por uma notícia interessante: "Maria Cavaco Silva antecipa campanha presidencial do marido - One Man Show". O Expresso, que passou o "dia d" com o casal Cavaco e quatro netos, recolheu uma informação preciosa da mulher do candidato a Presidente: "Ninguém da família vai fazer campanha".
A possibilidade de desenvolver uma qualquer mitologia, política ou outra, passa por criar o efeito de "verosimilhança". Não interessa se for falso, desde que seja verosímil. A ideia de verdade não é para aqui chamada, nem nunca foi. De resto, a verdade obriga a um grande esforço de recolha de elementos e não tem lugar no tempo veloz da tomada de uma decisão política (que, como toda a gente sabe, é uma decisão que resvala habitualmente para o campo da irracionalidade, próprio da tomada de uma decisão afectiva).
É no efeito de verosimilhança, e não na velha dicotomia verdadeiro-falso, que se desenrola boa parte da acção política. Mas isto não é novo, está particularmente bem explicado nos "simulacros" de Baudrillard e, de resto, sempre assim foi, desde os primórdios da democracia romana.
A peça do Expresso de ontem é um monumento a essa "sabedoria". Não é qualquer sujeito político que põe a família a fazer campanha, abre as portas ao semanário mais vendido em Portugal, mostra os netos e as suas conversas com os netos, e consegue depois transmitir ao povo uma informação superior: "Ninguém na família vai fazer campanha". É quase comovente a ingenuidade colectiva que leva a um assentimento perante a formulação que se anula a si própria. O acontecimento revelado pelo Expresso - Cavaco a explicar aritmética aos netos: "Se o João tem sete balões e dá três à Maria com quantos fica?" e Maria a esclarecer que "se for letras é com a avó", a família fotografada feliz na primeira página - convive serenamente com a tonitruante declaração de Maria: "Ninguém na família vai fazer campanha". O acto de campanha que enuncia a não campanha pode ficar nos anais do "marketing". A mensagem que está subjacente é exactamente a mesma do famoso vídeo Dinis-Bárbara-Carrilho, com a diferença de que Cavaco Silva percebe muito mais do assunto e não leva o recato do lar para a apresentação da candidatura. Mostra-o, simplesmente, ao Expresso. "One man show", é Maria quem o diz.
A mitologia cavaquista - e a adesão popular que conseguiu durante quase 10 anos - é um dos fenómenos mais interessantes da política contemporânea portuguesa. Vinte anos depois de ter chegado ao poder com a aura de "político não profissional" e "especialista em finanças", Cavaco Silva regressa invocando a sua categoria de "político não profissional" e "especialista em finanças". É como se o hiato de dez anos em que Cavaco Silva esteve afastado da vida política activa, depois de ter sido derrotado nas presidenciais por Jorge Sampaio, tivessem o condão de apagar todo o "disco rígido" do passado profissional de Cavaco Silva enquanto político e enquanto gestor de finanças do país. Ao candidato só faltou, no Centro Cultural de Belém, vestir a toga branca e virginal com que os candidatos ao senado de Roma se passeavam na rua de modo a ser facilmente identificados. O cavaquismo nunca existiu e o disco rígido nacional, aparentemente, foi destruído por uma qualquer incapacidade do cérebro informático.
 
A Vanessa
Esqueçam Vasco Pulido Valente, Sousa Tavares, João Pereira Coutinho: a mais perspicaz dos cronistas políticos portugueses é, provavelmente, Ana Sá Lopes. As crónicas da Vanessa, em particular, são o melhor retrato do ambiente político do pós-guterrismo, entre finais de 2001 e 2004. É uma pena que a edição em livro destas crónicas seja tão descuidada: falo do facto de haver crónicas claramente mal datadas, e também de o Público ter promovido o livro sob o tema das «mulheres». A inteligência das crónicas da Vanessa está em elas serem um retrato do quotidiano que ao mesmo tempo se desenrola sobre um pano de fundo político; em fazerem rimar a banalidade e a superficialidade do quotidiano com a banalidade e a superficialidade do ambiente político.
É uma pena que quem editou o livro não tenha percebido isto - promovendo-o, por exemplo, no âmbito do Dia Internacional da Mulher. O texto da contracapa é dolorosamente estúpido. Vai ao ponto de explicar que o Cavia, esse magnífico personagem com quem a Vanessa andou (e quem é que nunca na vida andou com o Cavia?), é afinal «o-que-havia», o que estava disponível. Para completar, cita-se uma frase de Pacheco Pereira (no abrupto) triplamente infeliz: de tão mal escrita, tão redutora (trata as crónicas como mero «protótipo das relações afectivas modernas») e tão moralista (como se Pacheco tivesse no bolso a solução das relações afectivas profundas e boas). Onde os textos são subtis, irónicos, funcionam a vários níveis, a contracapa é explícita, moralista e redutora.
Ana Sá Lopes continua em grande forma. A crónica de ontem no Público é um modelo de inteligência e concisão. Vou reproduzi-la no post a seguir.
 

domingo, outubro 23, 2005

Isto é uma informação especialmente para quem não gosta de bola
Ronaldinho Gaúcho fez o passe para o terceiro golo do Barcelona, ontem, com as costas. Não foi de costas, foi com as costas. Um passe de 8 ou 10 metros.
 


Ele nesta foto até faz lembrar o pai.
 

quinta-feira, outubro 20, 2005

Os clássicos
Se isto não é a XII tese sobre Feuerbach, não sei o que será. A Charlotte continua a fazer justiça aos clássicos.

Adenda: A história mais divertida (que eu nunca resisto a contar) sobre as Teses sobre Feuerbach é a de um artigo de José Manuel Fernandes, no âmbito de um dossier (de resto, belíssimo) que o Público dedicou aos 150 anos do Manifesto Comunista, em 1998, em que se dizia que tinha sido nestas teses (de duas páginas) que Marx pela primeira vez tinha introduzido o conceito de «ditadura do proletariado».
 
E a seguir
O presidencialismo seria reclamado por quem não estivesse a pensar conquistar a Presidência.
 
Por um novo elitismo de esquerda
Num texto no Público, há dois dias, o Marquês de Fronteira enunciava os pilares da sua concepção da esquerda, incluindo a ideia de que «deve haver elites». Eu acho muito bem. Só gostava de ver alguém dizer o mesmo e, a seguir, colocar-se fora das elites: «Deve haver elites e não se preocupem comigo. Se eu sou Marquês é para engraxar os sapatos e tratar da louça.»
É uma pena que neste país só as elites tenham o sentido de responsabilidade suficiente para constatar a necessidade de haver elites. O elitismo devia ser um movimento de massas, um verdadeiro anseio do nosso povo.
 
É pessoal e é político

66 Seasons, de Peter Kerekes

Começou muitíssimo bem a minha semana no DocLisboa, com um documentário sobre a guerra civil na Libéria, em especial sobre os episódios de Julho e Agosto de 2003. Por coincidência, a exibição em Lisboa deu-se na semana em que os liberianos votaram finalmente para a 1ª volta das eleições presidenciais no seu país, onde está destacada a maior missão da ONU existente no mundo neste momento. No filme são entrevistados indivíduos locais, trabalhadores humanitários, responsáveis políticos, soldados; ia jurar, pelo sotaque, que uma das raparigas da cruz vermelha que ali aparecia era portuguesa. A narrativa desenrola-se acompanhando de muito perto os dois exércitos rivais, com o realizador Jonathan Stack de um lado e o co-realizador James Barbazon a seguir o outro.
Sempre me surpreende e baralha o relativo desinteresse que manifestam por este festival de documentário pessoas que em geral se preocupam com a política internacional. Sem querer marcar pontos, não encontro explicação para praticamente não se ver uma alma de direita na Culturgest por estes dias. O documentário é uma forma muito rica, que permite observar e investigar aspectos da política internacional durante períodos relativamente longos, de uma forma que geralmente não é acessível à imprensa (e muito menos à imprensa portuguesa, que raramente tem sequer dinheiro para mandar alguém em reportagem ao exterior). Aprende-se muito com o documentário, o doclx já tinha sido excelente no ano passado, e parece-me que este ano pelo menos repete.
Ontem à noite, vi um filme com uma estrutura narrativa muito menos convencional e que incidia sobre acontecimentos políticos por um caminho indirecto. 66 seasons ocupa-se dos antigos frequentadores de uma piscina eslovaca há mais de 60 anos atrás, levando-os ao local e pondo-os a contar as memórias das suas vidas quotidianas nos tempos da II GM e subsequente invasão soviética. Para mostrar como o passado se transforma no presente, como ele envelhece no presente, como ele se mistura no presente, o filme aposta numa espécie de confluência de tempos históricos, pedindo aos banhistas de há 60 anos para identificarem personagens que os representem entre os banhistas jovens e adolescentes do presente, que assim assumem por vezes as vozes dos mais velhos. Um documentário muito engraçado, muito inteligente, um pouco morettiano na forma como realizador e personagens se interpelam e no ambiente quotidiano do filme.
 

quarta-feira, outubro 19, 2005

O soarismo - e eu
A minha entrada na campanha eleitoral foi saudada com irritação por alguns blogues de direita. Há os adjectivos do costume - «inefável», chama-me o portugal dos pequeninos, prestimosamente recomendado pelo Paulo Gorjão. Mas há também questões sérias, blogs que recordam o meu histórico, o meu ancestral anti-soarismo, em particular reflectido num texto que escrevi em 1995 e em que criticava Soares com muita violência, por ocasião do seu encontro com Craxi na Tunísia. Nessa altura, Soares interrompeu uma visita de Estado para cumprimentar Bettino Craxi, antigo primeiro-ministro socialista italiano, à época foragido à justiça do seu país, e entretanto falecido. E o texto que nessa ocasião escrevi no Público foi porventura dos mais severamente críticos para Soares que apareceram na imprensa portuguesa.
Hoje acho que tinha razão nalgumas coisas, não tinha razão noutras, e que aquelas em que ainda me encontro distante de Soares não são, para o caso das eleições que se avizinham, o mais importante. Tentarei explicar.
A parte em que eu tinha razão desdobra-se em duas. Evidentemente, continuo a achar que Soares não devia ter feito o que fez naquela ocasião. Mais do que isso, continuo a achar que isso só foi possível na medida em que Soares tinha adquirido nos anos 1990 um estatuto de quase impunidade, uma condição de pai-da-pátria, dono-da-república, que quase o punha acima de qualquer crítica. Esse estatuto era pernicioso, era doentio - e, no entanto, quem não se lembrar dele não pode hoje imaginá-lo, olhando para a imprensa portuguesa dos dias que correm. Bastantes soaristas de então estão hoje na primeira fila do cavaquismo.
Num outro aspecto eu não tinha razão. A apreciação que na altura eu fazia do papel histórico de Soares não é a que faço hoje. Essa apreciação, parece-me agora, era estreita: só isso explica, por exemplo, que para castigar Soares eu tivesse escolhido (entre muitos outros adjectivos) chamar-lhe «titubeante», porventura a classificação mais disparatada que se pode atribuir ao personagem, considerando o seu percurso. Soares sempre foi um táctico e, com um bocado de desatenção à história, mesmo com algum sectarismo, é possível confundir tacticismo com ausência de norte. Isso que eu antes pensava de modo nenhum o penso hoje.
E o terceiro aspecto é que as eleições presidenciais de 2006 não se jogam na visita a Craxi de 1995. Não preciso de me converter a uma posição acrítica relativamente ao meu candidato, para achar que ele é o melhor em presença; para achar mesmo, como de facto acho, que, hoje, a esquerda não poderia ter melhor candidato.
Até porque - e isto é um aspecto que para mim tem a sua importância - foi o próprio Soares que se desligou do unanimismo que tinha montado à sua volta, que embarcou num combate eleitoral de destino incerto, por um conjunto de valores e de convicções. Sou dos que pensam que a esquerda não tinha outro candidato presidencial - e que os que poderia ter tido (Guterres, Vitorino) eram infinitamente menos satisfatórios do que Soares para desempenhar o lugar. E sou dos que admiram - posso mesmo dizer: admiro extraordinariamente - o facto de um homem que já teve todas as glórias políticas a que podia aspirar voltar mais uma vez ao combate, numa situação difícil, numa situação em que, se for derrotado, não haverá possibilidade de redenção futura. Soares esteve lá em cima com os níveis de popularidade nos 70% e mais, durante muitos anos, e desceu por sua própria iniciativa, pela convicção de que em política há combates por aquilo em que se acredita. E também (não vejo vergonha em dizer isto) porque há combates contra aquilo que se acredita que é errado, negativo, aquilo com que não se está disposto a conviver.
O contraste entre esta atitude e a de Cavaco Silva, esse Messias sempre acima da política, essa figura que tem nojo da política, esse actor principal do nosso regime que sempre pretende não ter nada que ver com ele, esse político que evita todo o debate - o contraste não podia ser maior. E também é por isso que acho que Soares será não apenas o Presidente da República mais capaz, mas também o melhor candidato para, pelo contraste, esclarecer o que está em jogo.
Claro que o balanço global que faço hoje dos dez anos de presidência de Mário Soares é muito diferente do que fazia no passado. «Atrás de mim virá...», pode-se dizer; ou, simplesmente, ganhei recuo histórico para uma avaliação global.
Estou com Soares e a candidatura de alma e coração, sem prejuízo do que escrevi no passado, sem prejuízo de eu ter errado nalguns adjectivos, sem prejuízo mesmo dos aspectos em que fui e até hoje continuaria a ser crítico de Soares. A escolha de Janeiro, para mim, é suficientemente boa e suficientemente clara. Com o maior gosto pela companhia e pela caminhada, estou aqui.
 

terça-feira, outubro 18, 2005

O regresso (3)
O Pedro Lomba novamente cheio de hubris.
 
Esse blog é bom
O Mexia escreve bem e o Barthes escreve ainda melhor.
 

segunda-feira, outubro 17, 2005

Algum consolo encontro nas desgraças alheias
[do Blogo Existo]

Co Adriaanse voltou a aplicar a táctica que tem usado com tanto sucesso na sua já longa carreira: o 4-0-6, com a peculiaridade de os 4 de trás também serem uns zeros.
 
Resposta a Vital Moreira
Coimbra B ao domingo à noite: no dia seguinte não haverá sequer chocolates.
 

sábado, outubro 15, 2005

O regresso (2)
[A entrevista de Morais Sarmento ao Diário Económico, seguindo a pista de Vital Moreira]

Do dr. Mário Soares não espero nada, nem acho que seja correcto perguntar como é que ele vê o país nos próximos dez anos por respeito pela idade que tem. (...) Todos devemos querer o bem do dr. Mário Soares. E que a sua longevidade seja muita. Mas enfim... (...)
Na situação em que o país se encontra, o Presidente da República é talvez o mais forte ponto de arranque de um processo de reformas. Aquilo que eu acho que o prof. Cavaco Silva é capaz de concretizar é o projecto e a tarefa mais difíceis desde 1976. (...) Apresentando-se desta forma ao país, o Presidente deixa de estar às quintas-feiras a receber o primeiro-ministro para comentar a situação do país e passa a estar às quintas-feiras a receber o PM para julgar em que medida o Governo está ou não a cumprir as directrizes. Enquanto estes pontos forem respeitados na livre decisão do Governo, tudo bem. Quando qualquer destes pontos for tocado, o Governo terminou nesse dia. Com ou sem maioria.
A encruzilhada em que o país se encontra exige mais. Há um programa presidencial que se deve sobrepor à acção dos governos, balizando-o. E é pelo respeito por essas balizas que o Presidente da República passa a avaliar o desempenho de qualquer governo. E daqui decorre um ponto essencial: o mandato presidencial tem de ser para dez anos e não para cinco. E a única maneira deste processo ser possível é legitimá-lo na eleição presidencial. Os portugueses têm de legitimar este projecto e este modelo de funções presidenciais.
No momento em que um Governo actue de forma contrária a estas referências pré-determinadas, esse Governo deve ser dissolvido imediatamente. Se, depois, esse Governo for reconduzido, o mandato do Presidente termina nesse momento.
 

quinta-feira, outubro 13, 2005

Isto não é bem um post. É mais um email para duas pessoas mas com informações que são de interesse geral
Como dizia Vinícius, «eu gosto muito de São Paulo. O único defeito dessa cidade é que você anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema.»

A partir de sábado, tenciono estabelecer escritório ali.
 
Leituras importantes
Dois colunistas de direita no DN de hoje: um deles está a mentir e não me parece difícil perceber qual é. Se a campanha for bem conduzida, esclarecedora, se Cavaco for obrigado a vir a terreiro defender-se, se a candidatura de Soares for percebida como uma alternativa clara, esta ambiguidade não poderá durar para sempre. Nessas circunstâncias Cavaco perderá votos, muitos votos; a minha convicção é de que poderá até perder as eleições. Mas para isso é necessário que comece a discutir-se alguma coisa, o que, dada a quase unanimidade actual da imprensa contra Soares, por enquanto só acontece por iniciativa da ala mais à direita do cavaquismo.
 
Moi qui n'ai jamais prié Dieu/ Que lorsque j'avais mal aux dents.

[Jacques Brel, La Statue, 1962. Para quando uma festa só com chanson française?]
 
A grande coligação
CDS e esquerda moderada voltam a encontrar-se na pista de dança: hoje há festa no Frágil a partir da meia-noite.
 

quarta-feira, outubro 12, 2005

Diálogos da vida real (2)
- Tu não te queres casar?
- Quero. Só não quero com ninguém que eu conheça.
 
Diálogos da vida real
- Como é que é a moral sexual por aqui?
- Acho que não há.
 
Moral sexual
As mulheres simulam; os homens disfarçam.
 

terça-feira, outubro 11, 2005

Link, deslinque
Um deslinque errado e acabou-se. Pode ser o equivalente blogosférico do bombismo suicida.

(V. tb. aqui.)
 
Imaginar o passado

Gary Cooper e Jean Harlow, em Mr Deeds goes to Town (1936)

É geralmente curtíssima a memória que subsiste à morte de cada um. Não consigo sequer dizer o nome de todos os pais dos meus avós, ter uma ideia precisa sobre as datas em que viveram, enquadrá-los ao certo do ponto de vista histórico e social, conhecer os aspectos cruciais das suas biografias. Tudo o que fica são fragmentos, pequenas histórias, que para quem os conheceu diz tudo, e para quem não os conheceu não diz praticamente nada.
Assim, quando ontem fui à Cinemateca ver Doido com Juízo, uma das comédias de carácter «social» de Capra dos anos 1930, foi também com a curiosidade adicional de ter sabido (por um desses fragmentos de biografias) que o meu bisavô que morreu em 1970 era um fã destas comédias de Capra. Andei por lá a adivinhar nas sombras, a imaginar o que lhe teria agradado. Não cheguei longe. O filme de Capra - de que, de resto, gostei muitíssimo - está fortemente impregnado de uma ideologia democrática, igualitária, f-d-rooseveltiana, que eu não sei ao certo como encaixa com o resto. E isto num familiar tão próximo, que andou precisamente pelas mesmas ruas e casas que eu até há tão pouco tempo, que marcará até ao fim a personalidade de pessoas com quem me relaciono todos os dias. Uma vida inteira desaparece como uma tenda: desfaz-se num instantinho.
 

domingo, outubro 09, 2005

O regresso


Como um espectro, regressa. Para quem se lembra, os próximos três meses serão dolorosos. Quem não se lembra provavelmente voltará a lembrar-se. Pensei, pensámos muitos, que há dez anos teríamos superado de vez esta fase - a constante invocação do superior «interesse de Portugal» para cobrir todas as suas conveniências (como voltámos já a ouvir por estes dias), aquele farisaísmo, aquele paternalismo antipolítico e antidemocrático. Mas, em dez anos, a direita não descobriu outro chefe, e a esquerda hipotecou o seu tempo com António Guterres, que até há poucos meses conseguiu deixar o PS ainda suspenso de uma putativa candidatura presidencial.
Há razões para a depressão, e não é só o défice. Mas também há razões para a acção.

Há dez anos que eu não tenho empenhamento político. Suponho que andava a faltar-me qualquer coisa.
 

segunda-feira, outubro 03, 2005

Uma excelente página sobre metros. E inclui - o Porto.
(Ver também aqui.)

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