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A Praia

«I try to be as progressive as I can possibly be, as long as I don't have to try too hard.» (Lou Reed)

teguivel@gmail.com

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sexta-feira, setembro 30, 2005

Ironia & sarcasmo
Azeite & Azia, irónico: «Era tão assobiada pelos homens lá da rua, que as outras - engendrando a inveja - lhe chamavam Peseiro.»
José Mota, sarcástico: «Peseiro tem o perfil ideal para treinar o Sporting.»
 
Entrevista Lieven
It’s fascinating. Many Americans seriously believe that Tocqueville settled in America, became an American citizen and died in America. They cannot believe that he only spent like 18 months in America, then went home to France – and never dreamed of settling in America.

Já está nas bancas o número da Relações Internacionais que inclui uma longa entrevista que o Pedro Oliveira e eu fizemos ao Anatol Lieven, jornalista, analista de política internacional, especializado na Ásia Central e ultimamente nos Estados Unidos. Melhor que isso, já está online, acesso gratuito, a versão mais longa desta entrevista - e no original, em inglês. Lieven discorre bastante livremente sobre as questões e perspectivas da «democratização» como estratégia da administração Bush, sobre a guerra à al-Qaeda, sobre a política interna americana. Sinceramente, contactei com esta entrevista em três momentos - quando a fizemos, quando a transcrevemos e agora - e fico sempre surpreendido e entusiasmado com a quantidade de coisas interessantes que ele nos disse naquela conversa. Aqui, imprimir, que como digo é longo.
 

quinta-feira, setembro 29, 2005

Uma ideia para Alegre


Dado que, no dia em que apresentou a sua candidatura presidencial, Manuel Alegre viu reduzir-se o número dos seus apoiantes de cinco (Alberto Martins, Vera Jardim, Maria de Belém, Osvaldo de Castro) para uma (Helena Roseta), a solução era talvez substituir a campanha por um bed-in. Sai barato e dispensa perfeitamente os «directórios partidários».
 

quarta-feira, setembro 28, 2005

De noite a minha digestão parou*
Está aí em exibição um filme que faz o maior sucesso de público e de crítica. Eu também estou demasiado preguiçoso para perder muito tempo a explicar o meu ponto de vista. Baste dizer que o realizador tem a subtileza de quem filma com as patas - atente-se, só para dar um entre mil exemplos, na forma como o protagonista falha na audição de piano: ele não se limita a errar nas teclas, tem que fazer o disparate completo não fosse dar-se o caso de nós não termos percebido. A história assenta numa acumulação confrangedora de lugares-comuns: temos um rapaz cuja mãe já morreu e era pianista e cujo pai ainda é vivo e é bêbado e ganha a vida com base em violência e delinquências; o rapaz começa por seguir a carreira do pai, mas progressivamente vai-se dedicando à inspiração deixada pela mãe; no mesmo trajecto passa de relações fugazes com raparigas bonitas (sobretudo esta) sem dimensão «espiritual» para uma relação intensamente espiritual com a sua assexuada professora de piano, que para ser mais espiritual é chinesa. Temos assim o bom (mãe, infância, memória, «espírito», arte, cultura) e o mau (pai, realidade, dinheiro, violência, raparigas bonitas, sexo). Tudo isto é filmado com a câmara colada à cara do protagonista (simpático, mas feio) durante 120 minutos seguidos.
Vá-se lá saber porquê esta acumulação muito francesa de clichés fez as delícias da nossa crítica. E o título - todos disseram: «belíssimo, belíssimo» - dava para desconfiar, não dava? É que se aplica tanto a este filme como a outro qualquer, é uma frase para soar bem.

* Foi mesmo.
 

sábado, setembro 24, 2005

Magnanimidade

Coluna, Chico Buarque, Eusébio, circa 1970 (método de datação: pela bola)

Há horas para tudo, e até para ser magnânimo. Hoje comprei esta foto, em formato 20x30 cm., numa moldura estragada e sem vidro, numa feira aqui ao lado de casa, para oferecer a uma benfiquista que não merece (mas eu não sou magnânimo porque haja benfiquistas que mereçam: ser magnânimo é uma escolha cá minha). E entendi estender este gesto largo à comunidade dos meus leitores, em especial àqueles que por estes dias andam de barriguinha cheia com os golos do Bruno Gomes.
 
Um texto indispensável
Este. E para provar que afinal os juristas ainda servem para alguma coisa (e o Marques Mendes é dr. em quê?), este, este, este e este.
 

segunda-feira, setembro 19, 2005

O resultado certo
Sempre que o Sporting não ganha um jogo, o seu treinador começa a flash-interview por dizer qual teria sido «o resultado certo», sem que ninguém lho pergunte. Talvez Peseiro acredite no poder mágico das palavras para, na sua cabeça, reconstruir o mundo como deveria ter sido; na minha, porém, não reconstroi.
 

domingo, setembro 18, 2005

O gato Varandas


Achei que esta casa em Riga era porreira para ti. Parabéns!
 
À escala
Tenho tanta simpatia pela bandeira do Brasil em tamanho gigante que existe junto do Palácio do Planalto quanto me agride a bandeira gigante de Portugal que agora puseram no alto do Parque Eduardo VII. Deviam pelo menos fazer as bandeiras à escala dos países.
 

sábado, setembro 17, 2005

Spartacus
Estive na manif antigay. Éramos para cima de vinte pessoas. Estava um ambiente tão bom para o engate que sugiro que o evento seja incluído na próxima edição do guia Spartacus.
 
Vai, Alegre
[ou: a birra do morto]

Os apoiantes da candidatura de Mário Soares - entre os quais, evidentemente, me incluo - não devem estar nada preocupados com a possibilidade de Manuel Alegre também se candidatar. Pelo contrário: têm todas as razões para estar preocupados porque têm a forte suspeita de que Alegre não se candidatará. Fora da eleição, Alegre pode continuar a fazer estragos, e já se viu que não lhe falta disposição para isso. Com uma candidatura, o deputado-poeta teria que se preocupar em contar apoios, e aí é que viria o sarilho. Até a imprensa havia de começar a dar-se conta do embuste, ao passo que agora segue com avidez cada gesto teatral do bardo. Do ponto de vista eleitoral, os votos que Alegre roubasse seriam um problema? Sem dúvida, sem dúvida. Mas, com toda a probabilidade, um problema menor se comparado com Louçã e Jerónimo, e talvez não decisivo para a questão da segunda volta. Sem contar votos, o prejuízo que a birra de Alegre está a causar à candidatura de Soares é evidente; aliás, suspeito que é maior.
 
 
O país e a ideia
"O país" não gosta da ideia: as eleições legislativas foram há demasiado pouco tempo para que haja hoje um empenhamento maioritário num projecto de tipo governativo comandado por Cavaco a partir da Presidência da República. É isso que a direita lhe pede, é essa a vocação de Cavaco, mas é justamente por ele saber que não estamos em 1987, quando ele corporizava a salvação, a autoridade, a estabilidade, que hesita. Mas, por outro lado, as divisões e a desmobilização à esquerda podem ser suficientes para desferir o golpe de misericórdia na candidatura de Soares (por agora, é isso que as sondagens dizem).

Vasco Pulido Valente, Público, sexta:
«A teoria parece ser a de que na 1.ª volta Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã "fixarão" o eleitorado do PC e do Bloco e que na 2.ª volta o mandarão votar contra Cavaco. As sondagens dizem o contrário e o que dizem - que uma parte apreciável do voto do PC e do Bloco passará directamente para Cavaco -, à primeira vista, é lógico. Pelo que se vê na televisão e se lê nos jornais, Jerónimo de Sousa está a "fixar" o eleitorado do PC contra o PS, ponto em que Louçã o irá forçosamente seguir. Como podem eles depois pedir a uma gente em pé de guerra com o PS o voto no candidato do PS? (...) O medo da direita, que deixou de ser "material", volta a funcionar? Não volta. Por duas razões. Para metade da esquerda a direita é Sócrates, com a agravante da inépcia. E para o Bloco e o PC a sobrevivência depende da preservação da sua identidade e não da espécie de "frentismo" que Soares representa e propõe, e que, em última análise, apagando as diferenças, beneficia o PS. Resta evidentemente o espectro de um Cavaco autoritário e "gaullista", pronto a subverter a República e a varrer a politicagem. Há, no entanto, um perigo nisso: e se o país gosta da ideia?»
 

sexta-feira, setembro 16, 2005

Videovigilância em zonas perigosas
A SIC levou à prática a proposta de Carrilho, filmando os bastidores a seguir ao debate entre os dois candidatos. Por justiça poética, o próprio Carrilho foi a primeira vítima.
 

quinta-feira, setembro 15, 2005

A Ana Drago é o Ivan Nunes
[um email]

Não leve a mal o que lhe vou dizer, mas estive a assistir a um programa de televisão, uma entrevista que a Ana Drago deu ao Pedro Rolo Duarte na Sic-mulher, e foi uma experiência arrepiante, freakish, porque me fez lembrar de si. Para ser sincero, achei que estava a assistir à reincarnação daquele rapaz que apareceu aí há uns dez anos na Política XXI. São ambos muito bem articulados na maneira de falar, com um certo ar de novidade e falam com um contentamento um pouco excessivo. Não é que digam grandes disparates, mas nota-se que as ideias estão um bocado coladas com cuspo. Talvez nem acreditem em tudo o que dizem, a última coisa que leram ou lhes entrou pelo ouvido; mas «funciona bem em televisão», é escorreito, permite agradar aos media. Acho que no geral até são bem-intencionados e, como digo, nem tudo o que lhes ouço é tolice. Quer-me até parecer que às vezes lhes encontro uma certa inclinação para a ironia. E mesmo fisicamente os acho parecidos: corte de cabelo, formato da cara. Esta, ao contrário de si, não tem problemas de dicção, e, não me leve a mal, é mais desembaraçada.
Será que há uma fábrica onde estes jovens são produzidos? Estive a ver com atenção, e o vosso percurso tem semelhanças incríveis. Não é só serem evidentemente os dois de Lisboa, calculo que de meios sociais parecidos: foram ambos para Coimbra fazer teses em sociologia, ambos sob orientação de Boaventura Sousa Santos; ambos cairam sob a sombra política do Francisco Louçã e a orientação mais directa do Miguel Portas (o que é chato, sem ser trágico). E ambos, reparei agora, começaram no mesmo programa de televisão, «Lentes de Contacto», uma coisa para adolescentes e feita por adolescentes no segundo canal do início dos anos 90, embora não ao mesmo tempo, porque creio que você é um bocado mais velho.
Eu tinha uma certa simpatia por si, tanto que cheguei a votar na Política XXI (também, eram umas eleições sem importância nenhuma, não se decidia nada). Mas, de certa maneira, para dizer com franqueza até simpatizo mais consigo por ter desaparecido. Suspeito que deve ter reparado que ser criatura dos media não é vida para ninguém, um boneco articulado a papaguear entretenimento sob a forma de discurso político; e lá foi à sua vida. Para ser uma celebridade, só se for em grande estilo, tipo Scarlett Johansson, Jude Law ou Pimpinha Jardim (desculpe: houve aqui interferência de uma parte do cérebro que devia estar a descansar). Mas você, na política, como celebridade não chega nem para entrar na Quinta; e, para isso, mais vale estar em casa, levar a sua vida, sossegadinho.
 

terça-feira, setembro 13, 2005

Realmente não sei como é que ainda não tinha reparado nisso
É preciso/é urgente/Jerónimo/a Presidente.

[palavra de ordem ensaiada no Altis ontem à tarde]
 

domingo, setembro 11, 2005

RTP Memória Recente

Se eu mandasse na RTP-Memória, a esta hora estavam a passar o jogo de ontem à noite.
 

quinta-feira, setembro 08, 2005

Isaiah Berlin em Riga (2)

Nesta foto, a figura do lado direito da porta saiu cortada


E aqui foram as patas que foram à vida


A sua memória do lugar onde nasceu estava enquadrada por duas esfinges que guardavam a entrada do apartamento da Albertstrasse, duas figuras reclinadas, em gesso, com patas, peitos e penteados de faraó. Ainda lá estão, cheias de musgo, por causa da humidade, e lascadas pelo tempo – a guardar o prédio de Arte Nova onde ele nasceu a 6 de Junho de 1909. (...)
Os primeiros seis anos de vida passou-os no apartamento da Albertstrasse. A governanta letã levava-o por entre as esfinges, pela rua abaixo, até ao jardim grandiosamente chamado de passeio público, onde veteranos da Crimeia apanhavam sol e reviviam Inkerman e Sebastopol. Riga era então a capital da Livónia, uma província do império dos czares. A presença imperial russa compunha-se de uma guarnição militar, de um destacamento de cavalaria, de uma catedral ortodoxa recentemente construída, de uma pequena administração de escriturários e copistas, presidida por um governador com staff, comitiva e carruagem. Os russos não tinham feito muito para alterar a velha identidade de Riga como cidade comercial hanseática, com o alemão como língua de cultura e comércio. (…) Na Riga de 1909, o russo era a língua da administração, mas o número de russos na cidade era pequeno, e as línguas que se ouviam nas ruas, para além do alemão, seriam o letão e o ídiche.
No topo da pirâmide social da Riga czarista estavam os barões do Báltico, alemães que falavam russo - os Korffs e os Beckendorfs, os Keyserlings e Budbergs -, dinastias familiares construídas ao serviço de Pedro, o Grande, e czares seguintes. Eram donos das maiores propriedades da região e das melhores casas da cidade. Abaixo deles vinham os mercadores alemães da Bolsa e os comerciantes estrangeiros de madeira. Depois, os mercadores judeus e os profissionais liberais judaicos; abaixo, os artesãos judeus que vivam no ghetto de Red Dvina. No fim de tudo os letões: gente do campo recentemente urbanizada, com uma cultura camponesa. Representavam a maioria, mas não tinham direitos na sua própria terra. Em Riga, eram empregados domésticos, trabalhadores e governantas.
Albertstrasse ficava na nova Riga, para lá do rio em relação às ruas empedradas da velha cidade hanseática, numa área de prédios de apartamentos Arte Nova em estilo parisiense. O pai de Sergei Eisenstein – um judeu convertido de Riga – tinha desenhado alguns destes prédios, e o próprio Eisenstein passou a sua infância em Riga. Havia escolas judaicas na área nova de Riga, mas não se tratava de um bairro exclusiva, ou sequer especialmente, judaico.
[Michael Ignatieff, 1998, Isaiah Berlin - a life, NY: Metropolitan Books, pp.10-12. Traduzido, um bocado toscamente, por mim.]


Estas são fotos de outros prédios, no mesmo bairro
 

quarta-feira, setembro 07, 2005

Riga
Este é o prédio em Riga onde nasceu Isaiah Berlin.





Cheguei lá por acaso: andava a passear por uma zona da cidade onde existem muitos prédios de Arte Nova construídos na transição do século XIX para o XX, até que dei com a placa. Sou muito fã deste género de visitas, o local onde nasceu Berlin, a casa onde viveu E. H. Carr no fim dos anos 1920 (não encontrei), o cemitério onde estão enterrados Dostoevski e Tchaikovski (em São Petersburgo, fica para outro post). O ambiente de Riga não tem nada que ver com o de Tallin também graças à expansão industrial que Riga conheceu muito antes da anexação soviética. Riga era uma das cidades mais importantes do império dos czares no início do séc.XX, tendo praticamente duplicado de tamanho nos quinze anos anteriores à I GM, para mais de 500 mil habitantes (quase o mesmo que tem actualmente). Não tem aquele ambiente medieval, preservado, de Tallin, mas uma arquitectura muito mais moderna.
O ambiente é também mais cosmopolita, e mais russo - e não há maneira de eu não dizer isto como um elogio. Percentualmente, há mais russos em Tallin que em Riga, mas curiosamente em Riga são mais os russos (43%) do que os próprios letões (41%). De acordo com todas as crónicas, a tensão entre russos e locais é ainda mais grave na Letónia - que de resto é um país mais pobre do que a Estónia - mas não foi nada essa a percepção que eu tive andando nas ruas. Ouve-se falar russo com muito mais frequência, e há lugares onde praticamente só se fala russo. Por exemplo, umas salas de chá imperdíveis, onde se fumam cachimbos de água e passam videoclips de música indiana na televisão.
Isto não exclui o facto de que as fracturas são sensíveis, e de que não há, por exemplo, celebrações políticas comuns. Coincidentemente, no dia em que escrevi aquele post longo sobre a Estónia, ao sair do cibercafé para a rua deparei com uma cerimónia que assinalava os 66 anos do pacto Molotov-Ribbentrop. Ali não havia russos, naturalmente, e nas celebrações da vitória sobre os nazis tão pouco se encontram letões.
Nem a minha simpatia pró-russa deve ocultar que, se se chegar a Riga e se cair nas mãos de um taxista russo, de uma senhora que aluga quartos russa e de um funcionário de hotel russo (como me aconteceu), rapidamente se percebe que aquela comunidade tem uma relação na melhor das hipóteses flexível com a legalidade, e que os estereótipos racistas dos «nativos» sobre os russos se alimentam de alguma coisa.

Há algumas precisões que ficaram por fazer no longo post que escrevi no outro dia. Por um lado, cometi uma relativa injustiça quando me referi ao extermínio dos judeus. É verdade, como dizia, que eles foram dizimados nos três países do Báltico de um dia para o outro, mas os números envolvidos variam consideravelmente de país para país: na Estónia estima-se em cerca de cinco mil o número de judeus mortos em 1940-41; na Letónia, noventa mil; e, na Lituânia, Vilnius tinha uma das maiores comunidades judaicas do mundo antes da II GM, onde entre 135 mil e 300 mil pessoas terão desaparecido (os nazis não perdiam aparentemente muito tempo com estes recenseamentos). É portanto relativamente compreensível que os estónios dediquem menos atenção a esta página da sua história que os lituanos ou os letões.
Por outro lado, a situação dos russos da Estónia é, do ponto de vista dos direitos de cidadania, ainda um bocado pior ainda do que eu a pintei. Em 2002, havia cerca de 100 mil russos da Estónia que tinham adquirido cidadania, mas 270 mil não a tinham, sendo que, destes, 180 mil não tinham cidadania de país nenhum. Não sei se disse que os russos não têm representação política própria - o partido pró-russo não tem absolutamente nenhuma expressão eleitoral - nem há, aparentemente, nenhum deputado russo no parlamento da Estónia.

Das melhores paisagens de Riga não pude, infelizmente, fazer fotos. Há um filme do Truffaut (O Homem que Gostava de Mulheres) que começa, salvo erro, com o protagonista numa cave, a ver, pela janela, passar pernas de mulheres, até que, a certa altura, resolve seguir um desses pares de pernas, mesmo sem ver mais nada da mulher a que pertencem. Creio que deve ser possível fazer um walking tour completo de Riga simplesmente seguindo esta nobre metodologia.
 
Post-soviet gloom

Riga, Agosto de 2005

Deixar a URSS ao fim de três semanas foi uma experiência estranha. 70 anos, faço ideia.
 
Education campaign to preserve the advanced nature of Communist Party members
Ler o Economist também é um prazer por causa dos pequenos detalhes que se aprendem. Por exemplo, que em espanhol existe a expressão «callarse como una puta», e que os cursos de doutrinação ideológica do Partido Comunista Chinês se chamam (na tradução inglesa) «education campaign to preserve the advanced nature of Communist Party members». Outro dia também havia um texto que colocava, a propósito da Polónia, muitos dos problemas que eu tinha encontrado na Estónia:

Poland, Russia and Germany - The burden of history
Aug 18th 2005 | WARSAW
From The Economist print edition
A testy relationship with the two big neighbours
POLAND'S misfortune has been to be sandwiched between two big and often unfriendly powers, Germany and Russia (Poles say wryly that their historical mission is to kill Germans for duty and Russians for pleasure). Modern diplomacy with both is correspondingly tricky.
The latest row is with Russia, where three Poles—two embassy officials and a journalist—have been beaten up within a week. This was in retaliation for the mugging of three teenagers, children of Russian diplomats, late at night in Warsaw. It was an echo of cold-war habits, when any perceived harassment of Soviet diplomats abroad was swiftly matched in Moscow.
The incident in Warsaw seemed sad but unremarkable. But the Russian reaction was extraordinary. An angry President Vladimir Putin went on television to condemn the mugging. The Polish ambassador was summoned to the foreign ministry, which demanded an official apology. “This disgraceful incident cannot be called a coincidence,” said a spokesman. Dmitry Kosachev, head of the foreign affairs committee of the Russian parliament, the Duma, blamed it on anti-Russian hysteria. Another Duma deputy said the attack was facilitated by Polish attempts to revise the history of the second world war.
Poland and Russia certainly see history differently. To most Poles, Stalin's Soviet Union was first a co-conspirator with Hitler's Germany, and then a murderous occupying power. Under Mr Putin, Russia glorifies the Soviet Union's defeat of Hitler, and whitewashes everything else. Newer issues grate too. Some Polish politicians have backed Chechen rebels. Poland strongly supported the “orange revolution” in Ukraine, which Russia resisted. The Poles champion their persecuted ethnic kin in Belarus, whose authoritarian regime is one of Russia's closest allies.
The Russians accordingly see the Poles as ungrateful, meddling American lackeys. This places Poland in a bind. The obvious thing to do is to protest, but that only strengthens Russia's argument that Poland (like the Baltic states) is a shrill Russophobe that is out of line with the rest of the European Union. This argument seems to sway the EU, which regards all the ex-captive nations' rows with their former master as bilateral matters. Germany's chancellor, Gerhard Schröder, in particular, has seen good relations with Mr Putin as more important than Polish neuroses.
That could change if Angela Merkel, the centre-right candidate, replaces Mr Schröder after next month's German election. Ms Merkel was in Warsaw this week, promising that Germany would treat Poland with equal consideration to France and that the EU's eastern policy would not be made over Poland's head. A Merkel win would be good news for conservatives in Poland, whose foreign-policy stance is overshadowed by the savvy ex-communist president, Aleksander Kwasniewski.
But there's a problem with Ms Merkel too. She supports the building of a museum in Berlin to commemorate the expulsion of millions of Germans from her country's eastern territories (now mostly part of Poland) after the war. This is a favourite cause of the German right, but it is anathema to Poles, most of whom think the Germans got what they deserved.
 

terça-feira, setembro 06, 2005

Sexo
- algum, por assim dizer, lirismo -

Gostei do Nine Songs. Não se passa nada: nove canções pop (não as contei, mas presumo) são intercaladas com a relação sexual entre um rapaz e uma rapariga. Não há (que eu desse por isso) nenhuma ligação especial entre as canções e os dois amantes. O filme mostra a relação entre os dois na sua dimensão estritamente física; e com mais detalhe de sexo explícito do que eu alguma vez tinha visto no cinema. No entanto, sendo estritamente física, a relação entre os dois parceiros não tem nada de atlético; e, sendo o filme explícito nos seus conteúdos sexuais, a estética nunca se aproxima do cinema pornográfico habitual.
Não pretendo convencer ninguém da justeza desta minha afeição. Suspeito que, especialmente perante um filme como este, todas as tentativas de persuasão seriam desperdiçadas. Quase toda a gente que conheço, e os críticos que li, achou o filme deplorável. (Embora eu esteja efectivamente convencido de que este Michael Winterbottom não é parvo nenhum, sabe filmar, e que os dois actores têm, como é visível, um excelente desempenho.) O que acho é que as bolas pretas dos críticos não devem desencorajar o eventual espectador hesitante de ir ao cinema e formar o seu juízo, como eu formei o meu. Pode ser que ache o filme uma inanidade, como os meus amigos acharam, ou pode ser que encontre lá pretextos para se emocionar, para simpatizar, mesmo para se comover. Mas é só sexo, não é? Há registos.
 

sábado, setembro 03, 2005

Reverse cultural shock


(Lisboa.) Cheguei, evidentemente, a Nápoles.
 

sexta-feira, setembro 02, 2005

Reacção à chegada
Eu não fico.

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